terça-feira, 18 de novembro de 2008

Comentário crítico do 1º Encontro do Ciclo de Debates

Reflexão e avaliação de minhas impressões sobre o debate a respeito das idéias de Chomsky e a história da gramática gerativa
Rodrigo B. de Faveri

"Divido minha reflexão e avaliação em três momentos: 1. Minha participação na exposição e defesa do meu ponto de vista sobre o tema; 2. A atuação dos debatedores e demais participantes; 3. As reações por escrito, na forma de comentários, dos participantes. Meu objetivo é o de explicitar o caráter dialógico do debate e avaliar o quanto e de que modo este caráter foi alcançado.
A respeito de minha participação, primeiro em relação à exposição do tema, percebi que em certos momentos eu parecia estar defendendo, contra minha intenção explícita, os pontos de vista de Chomsky. Certamente havia nesta postura um caráter didático e também provocativo. Isto é, estava assumindo intencionalmente a perspectiva do autor a fim de que pudesse ser respondido, argumentado em contrário. Este é o objetivo de um debate: posições opostas buscando alcançar a persuasão do interlocutor ou de si próprio.
No momento em que esta oposição surgiu explicitamente, na voz da debatedora principal, a Professora Clara Dornelles, me pareceu que eu não tinha como persuadi-la do contrário do que ela afirmava, pois afinal eu concordava em parte com o que ela expunha. Além disso, não parecia uma tarefa fácil destrinçar os argumentos que ela apresentava. Mas em alguns pontos eu tinha certeza a respeito do que defendia, e que contradizia o que ela apresentava. Em relação à crítica de Faraco ao método chomskiano, levantada pela debatedora, ficou claro para mim o caráter polêmico da intenção argumentativa deste autor.
Os demais participantes buscaram elucidar algumas de suas dúvidas, e algumas vezes perplexidades diante do “método” chomskiano. Alguns expressaram suas reflexões brevemente por escrito. Todos tiveram algo de valor a dizer, e destaco aqui duas manifestações que podem vir a servir para continuar este debate, talvez em uma segunda rodada. Me refiro aos parágrafos de Dilmar dos Santos e também de Cássia Fernandes. Espero poder ter uma oportunidade de responder a eles em alguma ocasião em breve.
A forma argumentativa do estilo chomskiano não é algo simples de se expôr, ou de trazer à tona sua estrutura. Há alguns anos que me confronto com esta tarefa. Neste período, já encontrei muitos que assumem como definitivo o que Chomsky expõe, outros o rejeitam de todo. Não é esta a estratégia que pretendo desenvolver. Não sou o único nesta tarefa, mas sei que muitos dos que se dizem chomskianos, os adeptos da gramática gerativa, são os que se encontram em pior posição para poder dizer alguma coisa livre de preconceitos".

(Clique no título acima para ter acesso a um dos textos base da discussão do 1º encontro do Ciclo de Debates.)

* Comentários críticos selecionados:

Autoria de Cássia Fernandes- Aluna Letras Português/ Inglês (Unipampa)

"De onde partem ou surgem nossas idéias? O quem importa de fato: o real ou o ideal? aquilo que aconteceu ou o que deveria ter acontecido?

Em Conhecimento da História e construção Teórica na Lingüística Moderna Chomsky faz uma distinção entre História Real e História Ideal, mas em que contribui essa distinção? É preciso conhecer a História para que se tenham idéias novas? Qual história é preciso conhecer?

Em que parte da história se originam nossas idéias? Ou melhor, a partir de que parte da história se originam nossas idéias?

Claro que nossas idéias não partem do zero, não são puras, afinal, todos somos constituídos das coisas que nos cercam, pois estamos inseridos em um determinado contexto. Adquirimos todos os dias um conhecimento “novo”, seja consciente ou inconscientemente, e é justamente esse último que nos faz pensar que, para ter idéias, não precisamos conhecer a história real, não precisamos conhecer todas as idéias que existem. As teorias, é claro que partem de outras teorias, todo conhecimento novo nasce de um outro conhecimento, são influências, são ideais. O que aconteceu antes não deve perder sua importância, mas as idéias (teorias) devem partir (e partem), do que se espera que deveria ter acontecido, senão não teriam nada de idéias e teorias".



Autoria de Dilmar Sanches dos Santos- Aluno Letras Português/ Inglês (Unipampa)


"Ao analisarmos o texto de Noam Chomsky, Conhecimento da história e construção Teórica na Lingüística Moderna, no deparamos com uma questão que vai além da simples análise o tratamento dado aos estudos lingüísticos no decorrer da historia. Chomsky nos leva a refletir sobre a forma linear e cronológica que os fatos históricos são tratados.

Olhar os acontecimentos de um modo cronológico, não nos permite ver como de fato os acontecimentos foram acontecendo no decorrer dos tempos, os eventos não se sucedem obrigatoriamente como se fossem em desenrolar de um pergaminho, onde uma coisa foi escrita após a outra. A verdadeira historia é feita de fatos que podem ter acontecidos antes dos que foram escritos, o que levaria a uma nova forma de encararmos os acontecimentos históricos.

É claro que neste artigo, Chomsky refere-se somente a sua área de conhecimento, a lingüística, mas na verdade está chamando atenção para todas as formas de se contar a história.

O texto e o posterior debate nos levaram a ver que muito embora Chomsky seja convicto com o que prega, ele nos deixa margem para termos nosso próprio entendimento sobre a questão lingüística, de não ficar presos unicamente a idéias pré-existentes, mas te-las talvez como bússola na busca do constante saber".

2 comentários:

Jana Dias disse...

Os comentários não seriam postados em fragmentos? Com as melhores frases dos participantes?
Pois além da demora para serem postados, ainda aparece só dois comentários enormes, que me lembro que nos foi pedido apenas um parágrafo com no máximo dez linhas, fiquei surpresa com o que acabo de ler.

rbfaveri disse...

Houve uma mudança de estratégia, Jana. Isto porque o formato dependia da forma da minha avaliação do debate como um todo. Eu resolvi indicar apenas os dois comentários que indiquei por que me pareciam os mais coerentes e msua totalidade. Sinta-se a vontade para fazer qualquer observação que vc achar relevante para a continuação do debate.