quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Sugerido Por: Eliandro Miranda

JOAQUIM MATTOSO CAMARA Jr.
Joaquim Mattoso Camara Jr. foi pioneiro da lingüística e do estruturalismo no país
Joaquim Mattoso Camara Jr. publicou o primeiro compêndio de lingüística da língua portuguesa nos anos 1940 e marcou o estabelecimento de uma bibliografia básica da disciplina no país. Numa época em que o português de Portugal orientava os estudos lingüísticos, ele sistematizou a língua falada no Brasil. Fundou o primeiro programa de pós-graduação em lingüística do país e criou o primeiro curso de línguas indígenas no Rio de Janeiro -- onde nascera a 13 de abril de 1904.
Mattoso Camara (1904-1970) em sala de aula (as imagens deste perfilforam reproduzidas da Revista de Cultura Vozes, no 5, ano 67 - 1973)Mattoso Camara teve importante papel também nos estudos de lingüística geral e da história dessa ciência. Instaurou no Brasil o estruturalismo, doutrina que marcou as ciências humanas a partir da década de 1960 e que se propunha a compreender uma totalidade (no caso, a língua) como estrutura definida pela relação funcional entre seus elementos constituintes.
Embora baseada nos preceitos do estruturalismo funcional, que busca os usos e aplicações da linguagem, a obra de Mattoso Camara apresenta traços da lingüística descritiva de base antropológica. Ele estudou as relações entre língua e cultura e entre a lingüística e a história. Percebeu que a língua não muda em bloco -- cada grupo de elementos se altera em um ritmo.
Lecionou em inúmeras instituições nacionais e estrangeiras, secundárias e superiores. Poderia dar aulas em Londres ou Lisboa com alta remuneração, mas preferiu o contato com sua gente. Professor assíduo e pontual, sempre procurava facilitar a apresentação de definições conceituais. Sua metodologia consistia em expor claramente os objetivos de cada aula e seu encadeamento posterior, de forma a motivar os ouvintes para a aula seguinte. Além de tudo, possuía um "suave sense of humor", como coloca Carlos Eduardo Falcão Uchôa na coletânea póstuma Dispersos.
Mattoso Camara na fundação da Academia Brasileira de Filologia(5o em pé da esq. p/ a dir.)
Mattoso Camara pertenceu a diversas associações científicas e participou ativamente de encontros e congressos. Fez parte do Programa Interamericano de Lingüística e Ensino de Línguas (Pilei) e da Associação de Lingüística e Filologia da América Latina (Alfal). Foi membro-fundador da Academia Brasileira de Filologia, da Associação Brasileira de Lingüística (Abralin) e da Academia Brasileira de Filologia. Foi um dos fundadores do Círculo Lingüístico de Nova York criado em 1943 como extensão da École Libre des Hautes Études, organizada por um grupo de belgas e franceses refugiados da Europa ocupada pelos nazistas.
O reconhecimento internacional de Mattoso Camara se torna evidente em sua participação no 1º Simpósio Luso-brasileiro sobre a língua portuguesa contemporânea, cujo discurso de encerramento proferiu. Foi o único latino-americano entre os doze membros do Comitê Internacional Permanente de Lingüistas (1967).
A notícia da morte do professor Mattoso Camara em 5 de fevereiro de 1970 foi um choque. Por sua inestimável contribuição à língua portuguesa, ele estava prestes a receber o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras.
Raquel Aguiar
Ciência Hoje/RJoutubro/2001
Retirado do Site: cienciahoje.uol.com.br

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